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Andor começou parecendo diferente de tudo em Star Wars — e agora, com o fim da 2ª temporada, dá pra dizer sem exagero: uma série que não apenas evitou um final decepcionante, como se consolidou como a melhor já feita nesse universo tão distante.
Por que essa série prende tanto?
A grande pergunta que paira é: por que uma série com final conhecido conseguiu ser tão envolvente? Tony Gilroy, criador e showrunner, deu pistas em suas entrevistas: Andor é fascinante porque mergulha na vida de pessoas comuns em um império galáctico impiedoso. Em vez de cavaleiros Jedi e sabres de luz, temos trabalhadores, espiões, políticos e criminosos tentando sobreviver.
A primeira temporada mostrou a transformação de Cassian Andor — de ladrão de rua a pilar da rebelião. Cada trio de episódios formava um arco completo, expondo as entranhas do Império e a lenta formação da resistência. A 2ª temporada mantém essa estrutura, agora cobrindo os quatro anos anteriores à missão suicida de Rogue One, com cada bloco representando um ano.
Apesar das limitações — custos altos, greves em Hollywood e mudanças internas na Disney —, Gilroy condensou sua ideia original de cinco temporadas em apenas doze episódios. O resultado é uma minissérie épica, quase cinematográfica, lançada em blocos semanais no Disney+, com narrativa firme, política e corajosa.
A série não se acovardou. Episódios como o massacre da Praça Gorma (Ep. 8) e o monólogo de Luthen Rael (Ep. 10) são verdadeiras joias. Entre os fãs, causou furor: de E8 a E12, todas as notas no IMDb superaram 9.5 — feito inédito. Andor se consagrou como símbolo de uma ficção científica sóbria, com personagens moldados pela dor, pela perda e pela escolha de resistir.
Tudo começou com Rogue One
O sucesso de Andor reforçou a importância de Rogue One dentro do cânone Star Wars. Afinal, a série não existiria sem o filme de 2016. A origem dessa trama remonta a 2003, quando John Knoll, supervisor de efeitos visuais da Lucasfilm, escreveu o conceito de um grupo de rebeldes roubando os planos da Estrela da Morte — ideia inspirada em clássicos de guerra como Os Canhões de Navarone e Desafio das Águias.
Durante anos, a ideia foi deixada de lado, até ser retomada após a compra da Lucasfilm pela Disney. O roteiro de Rogue One passou por reformulações drásticas, especialmente após a entrada de Tony Gilroy, que reescreveu boa parte da narrativa e comandou extensas refilmagens.
O resultado foi um filme sombrio, realista e politicamente carregado — algo raro dentro do universo Star Wars. Em retrospecto, Andor é a extensão lógica dessa visão: personagens falhos, contextos históricos e uma rebelião que não nasceu de glória, mas de desespero.
Gilroy originalmente queria fazer de Andor um faroeste cósmico ao estilo Butch Cassidy, com Cassian e o droide K-2SO. Mas ao assumir o controle criativo, transformou o projeto em algo mais ambicioso: um estudo sobre como o totalitarismo se instala e como a resistência, inevitavelmente, surge. É a revolução como consequência, não escolha.
Durante a Star Wars Celebration em Tóquio, a Lucasfilm anunciou novos projetos cinematográficos: The Mandalorian & Grogu (2026) e Star Wars: Rogue Squadron (2027), com Ryan Gosling. Ambos apontam para uma nova fase: a tentativa da Disney de transformar Star Wars em um “universo Marvel”. Nesse contexto, Andor parece um acidente — ou talvez um farol solitário.
Sem jedis. Sem Skywalkers. Sem criaturas cômicas ou vilões caricatos. Andor é uma meditação sobre a opressão institucional, a luta por dignidade e a esperança que nasce no desespero. É a série mais adulta da franquia, e talvez, por isso mesmo, tenha encontrado seu público fiel.
Tony Gilroy acredita que boas histórias nascem da realidade. E Andor é isso: uma alegoria atual para um mundo saturado por autoritarismo, desigualdade e medo. Sua rebeldia não é só narrativa — é formal, estética, ética. Em vez de seguir fórmulas, Andor teve coragem de construir sua própria.
Seu legado talvez não seja o mais popular da saga, mas será certamente o mais respeitado. Se Star Wars quiser seguir relevante nas próximas décadas, é em séries como Andor que deve se espelhar. Que venham os próximos rebeldes.
Onde assistir Andor agora
A 2ª temporada de Andor está disponível no YouCine. Todos os episódios podem ser assistidos com qualidade no celular, na TV ou no computador. Se você gosta de histórias bem contadas, personagens que enfrentam dilemas reais e uma galáxia muito mais próxima da nossa, Andor é pra você — e está a apenas um clique no app.
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